Pix pelo mundo: como são os pagamentos instantâneos em outros países

Está se perguntando se existe Pix em outros países? Não foi só o Brasil que entrou na era dos pagamentos instantâneos. A tecnologia já existe em mais de 60 países em todo o mundo e a tendência é que esse número não pare de crescer nos próximos anos.

Como resposta à crescente demanda dos consumidores por transações bancárias mais rápidas e baratos, várias soluções nacionais foram desenvolvidas ou estão em desenvolvimento.

Atualmente, cerca de 33% dos países em todo o mundo implementaram modelos de pagamento que funcionam de forma semelhante ao Pix. Veja abaixo os principais deles.

Conheça modelos similares ao Pix pelo mundo

Quer saber como funcionam os “Pix estrangeiros”? Então confira abaixo alguns dos países que já têm tecnologias de pagamentos instantâneos similares:

Estados Unidos 🇺🇸

Chamado de FedNow, o “Pix dos EUA” foi lançado em julho 2023 pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Mas antes dele já existiam vários apps nos Estados Unidos que permitiam que os usuários fizessem transferências instantâneas, como Zelle e Venmo.

O FedNow funciona de forma semelhante ao Pix, mas com um propósito diferente. Oferecendo uma estrutura universal, o sistema permite que instituições financeiras de todos os tamanhos – inclusive as menores e bancos digitais – forneçam pagamentos em tempo real.

Portugal 🇵🇹

Portugal tem uma tecnologia chamada MB Way. Criado em 2014 pela empresa SIBS, a mesma que gere a rede Multibanco, o “Pix” português é um app que oferece transferências instantâneas para os contatos da agenda de seus 4 milhões de usuários no país.

Também é possível usar o MB Way para compras em lojas físicas e online, bem como fazer saques sem cartão e solicitar pagamentos, entre outras funcionalidades. Ao contrário do Pix, é preciso cadastrar um cartão bancário e celular para habilitar todas elas.

Embora criada por uma empresa privada, a solução conta com a adesão de 28 bancos portugueses e europeus, sendo que os serviços podem ser acessados diretamente no app de alguns deles. Além disso, o download, adesão e utilização do MB Way não têm custos associados.

Argentina 🇦🇷

Na Argentina existe o Transferências 3.0, um sistema similar ao Pix desenvolvido pelo banco central argentino (BCRA), que começou a funcionar em novembro de 2021. A diferença é que ele é voltado para pagamentos no comércio via QR code – pelo menos inicialmente.

Com o objetivo de ampliar a inclusão financeira no país, o “Pix” da Argentina permite que os usuários utilizem apps de banco ou carteiras digital como forma de pagamento nos comércios participantes, bastando ter um leitor de código QR.

Japão 🇯🇵

O Japão foi o primeiro país do mundo a oferecer pagamentos instantâneos com a criação do sistema Zengin, em 1973, pela Associação de Banqueiros do Japão (JBA). Desde então, o “Pix” japonês já passou por uma série de atualizações.  

Foi apenas em 2018 que o Zengin passou a funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana. Antes disso, o sistema era capaz de processar somente transferências entre duas contas bancárias durante o horário comercial.

Turquia 🇹🇷

Desde janeiro de 2021, a Turquia tem o sistema FAST, que foi desenvolvido pelo Banco Central da República da Turquia (TCMB). Assim como o Pix, ele permite transferências 24h para “chaves” como e-mail, número de telefone celular e documento de identidade.

Atualmente, o FAST processa uma média de 3,5 milhões de pagamentos ​​por dia e a maioria das transferências são concluídas em menos de um segundo, de acordo com estatísticas do banco central turco.

Índia 🇮🇳

Na Índia existe um sistema chamado Unified Payment Interface (UPI). Lançado pela Corporação Nacional de Pagamentos do país em 2016, ele permite que os usuários façam pagamentos instantâneos sem precisar fornecer dados bancários ou confidenciais.

Gratuito e instantâneo, com o app do UPI é possível enviar e receber dinheiro ou escanear códigos QR para fazer pagamentos usando apenas o endereço de pagamento virtual (UPI ID) de quem vai receber o dinheiro. A interface é regulada pelo banco central da Índia (RBI).

Paraguai 🇵🇾

O “Pix” do Paraguai entrou em vigor em junho de 2022. Chamado de Sistema de Pagos Instantáneos, o serviço do banco central do Paraguai (BCP) opera exclusivamente em guaranis dentro do país, permitindo transferências de até 5 milhões.

Ao contrário do Pix aqui no Brasil, que foi lançado de forma completa para a população, o sistema paraguaio contou primeiro com um projeto piloto com horário mais limitado, antes de funcionar 24h todos os dias. Além disso, deverá ter todas suas funcionalidades apenas em 2024.

Inglaterra 🇬🇧

Na Inglaterra existe o Faster Payments, um sistema semelhante ao Pix que foi lançado em 2008 com o objetivo de tornar os pagamentos digitais mais rápidos em todo o Reino Unido. Porém, os bancos não são obrigados a aderir ao serviço como no Brasil.

Isso significa que as transferências são instantâneas apenas se ambas as contas fizerem parte dos mais de 20 bancos participantes. Mesmo assim, trata-se de uma forma bastante comum de fazer pagamentos: só em 2021 foram processadas mais de 3,4 bilhões de operações.

É possível enviar pagamentos individuais de até £ 1 milhão via Faster Payments, embora algumas instituições financeiras estipulem limites menores para seus clientes.

México 🇲🇽

Lançado em 2019, o CoDi é uma plataforma desenvolvida pelo banco central do México para facilitar os pagamentos e transferências eletrônicas da população. Assim como o Pix, ele é gratuito, instantâneo e funciona 24h todos os dias do ano.

O CoDi utiliza as tecnologias de código QR e NFC para tornar mais fácil para empresas e usuários realizarem transações sem dinheiro pelo telefone celular, bastando para isso apenas uma conta no banco ou outra instituição financeira.

Existe um "Pix" mundial ou não?

Embora cada vez mais países estejam adotando sistemas similares ao Pix para transferências locais, muitos deles ainda estão em estágio inicial. Ainda falta estabelecer interoperabilidade à nível mundial para que possam conversar entre si.

Aqui no Brasil, a expectativa é que o Pix Internacional comece a funcionar em 2024, conforme previsões do Banco Central. Mas ainda é cedo para dizer como ele vai funcionar na prática na hora de enviar e receber um Pix do exterior, nem se todos os países estarão disponíveis.

Enquanto isso, apesar de ainda não ser possível fazer “Pix” de um país para o outro diretamente, diversas fintechs têm desenvolvido apps e plataformas digitais que tornam o processo de transferência de recursos e remessas internacionais mais rápido.

Tem como receber um Pix do exterior no Brasil?

Você pode receber dinheiro do exterior pelo Pix por meio de uma plataforma de transferência internacional como a Wise, que oferece a opção de envio de dinheiro para chaves Pix no Brasil. A Wise está disponível na maioria dos países do mundo, incluindo Estados Unidos, Portugal, Inglaterra e Japão.

Afinal, o que é um pagamento instantâneo?

Pagamento instantâneo nada mais é que uma modalidade de transação financeira digital que é processada ​​em tempo real – 24 horas por dia, 365 dias por ano – e na qual o dinheiro é disponibilizado de forma imediata para o destinatário.

Também conhecidos como pagamentos em tempo real (real time payments ou RTP, em inglês), os sistemas como o Pix dependem da adoção de plataformas e infraestruturas tecnológicas que possibilitem a transferência dos recursos.

Alguns são desenvolvidos e operados pelo banco central do país (como no Brasil e México), enquanto alguns são desenvolvidos por players da indústria (Reino Unido, Dinamarca, Suécia e Polônia) e outros são o resultado de uma abordagem conjunta (Austrália).

Via de regra, para um pagamento poder ser considerado instantâneo, ele deve ter as seguintes características:

• A transferência deve ocorrer em poucos segundos
• Deve estar disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano
• · identificação dos usuários é feita de modo simples (como chaves Pix, por exemplo)

Nem todos os pagamentos instantâneos pelo mundo são gratuitos como o Pix aqui no Brasil, mas eles costumam ser bem mais baratos que outros tipos de transações financeiras, graças à redução de custos que possibilitam.